sábado, 14 de outubro de 2017

Crônicas de Sonone Luiz







Sonone Luiz Vilela Carvalho Junqueira


PONTO DE VISTA


            O ontem é um passado recente, mas é passado. O homem de ontem tinha uma vida melhor e não sabia. Isso é uma assertiva verdadeira? Bem, pode ser! Depende da ótica de análise e essa ótica não mudará o acontecimento passado.
Acredito que isso é interessante, pois o tempo é um recurso imediato. Ou usa ou não usa. Já passou! Quantos recursos perenes nós temos e não usamos? Vários, creio eu.
O homem, independentemente, se de ontem ou se de hoje, é um ser perdulário. Isso posso afirmar. Perde-se tempo em demasia e não usa todos os recursos disponíveis.                                                                                                A questão do progresso e do desenvolvimento passa por aí, pois é o aproveitamento das oportunidades e aproveitamento, sobretudo do tempo disponível ou em potencial, que não se faz.
Nesse caso, o ontem deve ser olhado para perceber as diferenças de evolução e se posicionar adequadamente no sistema. Saber o que se quer e fazer aquilo que se quer. Usar da experiência para reorientar rumos.
Somente a educação (conhecimento) e o gerenciamento dessa educação consegue isso, no meu entender. Então, independente do passado ou do presente, o que interessa é usar a experiência que já se tem para alavancar um futuro de realizações e sucesso.
Esse é o homem focado e consciente daquilo que dispõe para suas transformações pessoais e coletivas.                                                                          
   O momento é de análises diversas e críticas severas com respeito às políticas do conhecimento (educação), como um todo.                                                Interesses diversos. Momentos e experiências novas vivenciadas e conectadas pelos atores principais que somos nós, os cidadãos, mas que nem sempre decidimos.    

                                                                                                                 Convênios, intercâmbios à disposição, mas que de certa forma, obscuros. Não sei! Nós, somos um país independente, mas súdito de economias predadoras. Uma situação que parece cômoda para aqueles pseudos gestores que normalmente decidem.                                                                Fundamentar o conhecimento e gerar esse conhecimento. Depois gerir esse conhecimento. A questão fundamental desse conhecimento é a sua gestão com objetivos reais e concretos para a transformação inteligente da sociedade.
Podem-se ter as melhores ideias transformadoras e redentoras da educação (conhecimento), mas se não forem geridas com competência, não produzirão os resultados necessários.
Se não forem geradas do cidadão para o cidadão e para o bem da coletividade, não servem para nada. Esse é um ponto de vista! 
O tempo é precioso e devemos aproveitá-lo de forma coerente seja de forma pessoal ou coletiva. Precisamos de lideres comprometidos com o bem e que possam representar os interesses do cidadão (nosso), para o cidadão. Tarefa hercúlea, mas não impossível...    

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A TESOURA
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Em1933, lá no século XX, o casal teve sua primeira filha. Moravam na fazenda e lá pelo final da década e início dos anos quarenta, mudaram para a cidade de Ituiutaba-MG. A filha precisava estudar. A mãe e o pai lutavam pela instrução dos filhos que vieram nascendo - cinco no total.                                                           No passado isso só era possível, uma boa educação escolar, lá pela cidade do Prata ou mais para a frente – Araguari, Uberaba ou outras cidades maiores. Agora, Ituiutaba já tinha escolas promissoras. Ficava mais fácil.                 Junto com a mudança, vieram as novidades que sempre chegam e, chegam também mais necessidades. Necessidade de boa apresentação, de boas vestimentas... e por aí afora.                                                                                     A mãe entrou para aprender a arte do corte e da costura. Habilidosa com era, num instante, tornou-se costureira primorosa e, para a família, era a artífice de todas as horas.
·         O pai, quando viu o carinho e a habilidade da mãe de seus filhos, foi lá na “Casa do Valico” e encomendou uma tesoura de qualidade reconhecida e presenteou sua esposa com aquele artefato.
·         Realmente, aquela tesoura ajudou numa série de execuções de partituras primorosas, de confecções de roupas especiais para a família. Foi vestido de formatura da primeira filha; vestidos de casamento; calças diversas para os filhos que foram crescendo e ficando exigentes; Para o marido; Roupinhas para os netos que foram surgindo e as próprias roupas, porque eram da “grife” doméstica e especial.   
·         O tempo, esse deus cronológico implacável, transformou o brilho do aço da tesoura, em um prateadocinzento, que a ferrugem nunca conseguiu atacar e, o carinho com a lima ou pedra de afiar, nãodeixou mutilar suas lâminas que permaneceram perfeitas e ativas.                                                                Vieram netos ,bisnetos, ”tataranetos” e modificações diversas nos costumes e usos da vida e da sociedade. Vieram e atravessaram as ruas da cidade. Entraram pelas casas, assim como o rádio, a televisão, os computadores, os celulares e todo o tipo de modernidade.                                               A tesoura continuou por acompanhar a sua operadora e a “criar” milagres na arte da costura. Veio também a viuvez e a dor da perda de dois filhos – uma difícil adequação para a esposa dedicada e para a mãe amorosa. Mas são os desígnios ditados por Deus. “Temos que compreender”.                                  Quem está vivo tem sempre necessidade de vestimentas. A tesoura continuou a atuar e a distrair sua operadora, das tristezas e mazelas do momento.
·                     A cidade, com certeza cresceu. As ruas se modificaram. De pedras, por pavimentação, surgiu o asfalto moderno. A modesta casa, que quase era de periferia, virou centro. Nada disso impediu a vida de fazer cumprir suas metas, estabelecidas pelo Criador Maior e, o tempo veio passando. No calendário, adentramos ao século XXI, com suas promessas e com suas ameaças.                                                                                                         
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·         A tesoura continuou sua missão: cortar e formatar modelos de roupas para vestimentas ou não. Seja para quem for, seja para qual necessidade imediata. Uma certeza essa tesoura sempre teve – aquela costureira sempre a tratou e a tratava com omaior desvelo e nunca descuidou dos cuidado inerentes e necessários ao bom funcionamento de seus atributos funcionais.                      Veio então, no roldão das modernidades, a explicitação de um antigo hábito  do que parecia ser de uma minoria, em  tese, que desaguou na casa da dona da tesoura. Ladrões! Esses perversos agentes, que na maioria das vezes agem na calada e na surdina, para surrupiar aquilo que a dignidade não lhes deu e que a safadagem urdiu fazer.                                                                            Pois é! Levaram muitas coisas, aproveitando da simplicidade das circunstancias e do oportunismo malfadado de suas intenções. A casa ficou visada. Vieram uma, duas, mais vezes vieram. Os moradores se defenderam –grades, ferragens diversas...                                                                                                      Parecia brincadeira. Não se sabe se eram os mesmos. Nunca eram vistos. Só se via a ausência dos objetos e o estrago gerado.” BO(Boletim de Ocorrência),porque não foi feito? Não adianta! Nunca consegue achar. Se pega o ladrão, a lei solta. Fica pior. Deixa pra lá.”                                                                  Reforçado a segurança, tomado boas providencias mas,”a classe”, deve ter algum outro tipo de proteção. Vieram de novo. Arrombaram a porta e, como não tinham muito o que levar, da modesta vivenda, levaram a tesoura quase centenária, como sua proprietária – vai ver que pensaram que era de prata.               Tempos modernos, velhas práticas pernósticas. E foi então que a centenária proprietária chorou. Chorou quase como chorou pelo marido, pelos filhos. Chorou de tristeza bruta, pois nem mais seu instrumento de distração de todas as dores, tinha mais. O que seria então da vida... Esperava o corte, agora, pela tesoura de Deus...
·         Sonone Luiz




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