domingo, 17 de setembro de 2017

Crônicas de Wilter Furtado


















Estamos vivendo a quarta guerra mundial.

         Prof. Wilter Furtado


O Brasil está vivendo uma verdadeira crise existencial no que diz respeito à moral e a ética no seio de algumas de suas instituições. A desordem, a infidelidade, a corrupção, o nepotismo, o desrespeito às leis, o roubo, o furto, a desobediência civil etc. mancham todos os dias as páginas dos nossos noticiários. De todas as instituições, a política é a que mais denigre a imagem do brasileiro e do país, envergonhando-nos e desanimando-nos.

A  (IN)EVOLUÇÃO  DO  HOMEM
Tais fatos nos fazem lembrar Albert Einstein, um dos maiores cientistas que humanidade conheceu, alias o conheceu mais pelas teorias da Relatividade Restrita e da Eletromagnética da Luz, e menos, infelizmente, pela genialidade filosófica que possuía. Certa feita, emitindo o seu ponto de vista sobre o desenrolar de uma virtual 3 ª guerra mundial, ele, com a genialidade que lhe era peculiar, respondeu de pronto: “quanto a terceira guerra mundial eu não sei, mas a quarta, com certeza será travada com tacapes, flechas e machados”. Nas palavras de Einstein estão claras a sua preocupação e a sua certeza com a (in) evolução do homem e do seu caráter.
A visão de outro gênio, Ruy Barbosa não foi diferente. Um dos políticos mais íntegros da história do país, quiçá um dos poucos, pelo menos é o que a história está nos mostrando, e um dos maiores escritores do Brasil, nos deixou um texto que mais atual é impossível. Naquele texto entre tantas frases geniais lembramo-nos: “de tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver crescerem as injustiças, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver agigantaram-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e ter vergonha de ser honesto” (grifos nosso).

A QUARTA GUERRA
Ficou claro na visão destes dois expoentes que a quarta guerra mundial seria uma guerra dos honestos e dos justos contra a degradação do homem; contra a imoralidade de seus atos; contra a sua postura aética; contra a sua desonestidade; contra a nulidade de suas ações no sentido de fazer o bem coletivo; contra as tantas injustiças que ele comete com os menos favorecidos e contra a desonra que ele provoca na vida do seu semelhante; e por fim, contra a própria consciência. Tudo aquilo, praticado na defesa de falsidades: falsa democracia, falsa ideologia e falso desejo de igualdade social, que na verdade não lhes interessam. O homem está voltando ao estágio primata de sua existência defendendo simplesmente a sua individualidade e a sua sobrevivência, não importando se para isso precise matar, corromper, aviltar, roubar etc.

OS SINAIS DO APOCALÍPSE
A verdade é que não dá mais para agüentar. As notícias sobre os Poderes Executivos (presidentes, governadores e prefeitos) revelam incontáveis casos em que eles agem na calada da noite e que escondem por detrás dos mantos negros do poder, as suas ações inescrupulosas e até criminosas. Os desvios de verbas, a manipulação dos orçamentos, o nepotismo, o favorecimento, os acordos esdrúxulos, os gastos com as campanhas, o corporativismo etc. estão sempre nas manchetes. Manipulam pessoas e mentes com o intuito de impedir que a desonra, que a injustiça e que a afronta praticam contra os valores e contra a cultura e contra o dinheiro dos incautos e pobres, se tornem foices para cortar os seus próprios pescoços. O faraonismo e a respectiva propaganda de suas obras; a falta de ética e a imoralidade de suas campanhas, explorando a pobreza, o desemprego e todos os problemas sociais, por incrível que possa parecer, os conduzem ao poder como verdadeiros salvadores da pátria.
As câmaras legislativas (federais, estaduais municipais e o próprio Senado) não são diferentes. As notícias são estarrecedoras. Alguns de seus membros e até partidos políticos inteiros usam e abusam do poder de legislar em causa própria, de corromper, de vender e de comprar interesses, de tirar vantagens financeiras e políticas do cargo, de “negociar” (no sentido pejorativo do termo), de pressionar, de praticar a infidelidade, de fraudar ou cometer dolos em nome do povo que alias, não lhes delegou tais atribuições, pelo menos na sua ingênua e boa intenção. As histórias recentes e passadas estão nos mostrando e não há como fechar os olhos para tudo isso. Os Poderes Legislativos estão sendo enterrados nas lamas dos próprios salões, construídos pela ingênua esperança do povo.
É inadmissível, mas até no Poder Judiciário, embora com muitas e boas exceções, pois a instituição está se renovando, as coisas também não são diferentes. As notícias de corrupções, de apropriações, de favorecimentos próprios ou a terceiros, de conivências com o erro, com o crime e com a fraude, estampam as manchetes das mídias. A ética e a moral se perdem debaixo das togas, símbolo do poder e do respeito. Os atos e as ações deformados, as mazelas e os erros se escondem por labirintos intransponíveis, oriundos das complexidades das leis e do cargo.
Analisando com frieza veremos que a crise ética e moral pela qual o país está passando, está se agravando a cada dia. Se ela não é por essência e na visão de interessados a mais grave, é sem dúvida, a causa principal das crises econômicas, sociais e políticas. Sob esta ótica estamos diante de uma verdadeira e grande guerra contra esse estado de coisas. Mas, a guerra pior é contra a nossa própria consciência e revolta, pois insistem em nos arremessar para o fundo do poço. Que Deus nos ajude a resistir à tentação. Não podemos desanimar da virtude, aprender a rir da honra e jamais, ter a vergonha de sermos honestos. Estamos vivendo a quarta guerra mundial.   



Lady Di – De divindade a simples mortal
20 anos depois

Wilter Furtado


Num mundo tão carente de ídolos, quando um morre, causa comoção coletiva. Foi assim com Airton Sena, Kennedy, Lennon, Elvis, etc., apenas citando alguns. Foi assim com Lady Di, no fatídico 5 de setembro de 1997. Antes de conjecturarmos sobre as causas ou sobre os responsáveis pelo acidente que ceifou sua vida, juntamente com a vida de seu namorado e do motorista; antes de conjecturarmos sobre as intenções dos fotógrafos (paparazzi) questionando se eles cumpriam uma missão profissional; devemos refletir sobre esta e sobre outras tantas tragédias que recaíram sobre determinados ídolos, com uma visão de transcendência existencial, porque é assim que o ídolo se faz, conquista o seu espaço e desempenha o seu papel.

Se analisarmos o passado próximo à morte de Diana, verificaremos que ela enfrentou várias tragédias, menores é claro, no sentido de existência da vida, mas importantes, a ponto de mobilizar todos os seus súditos. Enfrentou uma infância difícil com a separação dos pais, rompeu com seus valores culturais ao se casar com um príncipe, desafiou uma dinastia, tentou suicídio várias vezes, fincou raízes profundas em ações filantrópicas e sociais, buscou a felicidade a qualquer preço, e por fim, tentou resgatar uma privacidade que já não lhe era mais permitida. Discutir a sua privacidade como pessoa é discutir o óbvio, agora, discuti-la como direito de um ídolo, é negar a própria essência da adoração.

 Tudo isso, na vida de uma pessoa comum, não traria tantos problemas e reflexos coletivos, mas na vida de um ídolo, ressalta a capacidade que ele tem em suscitar uma relação muito estreita entre o ódio e o amor. Já há algum tempo era esta, a relação entre Lady Di e a imprensa; era esta a relação entre a imprensa e seus súditos, e; entre ela e várias pessoas do círculo das celebridades.

Sempre haverá alguém a defender com demasiado respeito ou excessivo afeto o seu ídolo; sempre haverá alguém que o condenará como símbolo da perfeição, exatamente por sê-lo; sem o direito de errar, de fraquejar, ou de ser individual. Num outro enfoque, numa sociedade de símbolos, Diana não poderia matar grande parte da crença em uma sociedade mais justa, mais humana, mais livre e mais feliz. Na verdade, como todos nós, simples mortais, Lady Di, sem eixo, buscava o seu centro, numa metamorfose paradoxal de valores e de informações, cristalizados nesta sociedade, dita pós-moderna. Uma Lei de Cão

               
DIÁLOGO COM CÃO

                O fato é verídico. O diálogo com meu cão, é fruto de sua imaginação! 
                Depois de um dia “de cão”, dado o calor e a quantidade de trabalho e penalizado ao ver meu cão batendo-se pelo calor, resolvo buscar um ar mais respirável e fazer uma pequena caminhada em sua companhia, na avenida na qual fica a minha residência. 
                De repente, sou interpelado por uma viatura do corpo de bombeiros da qual desceram ao mesmo tempo, três policiais. Abordaram-me, por sinal de forma muito educada e gentil, e disseram:
----Temos uma denúncia contra o seu cão.
__???!!!
                Não consegui a princípio, entender e nem responder nada. Apenas os olhei. Olhei para o cão de forma interrogativa, como se quisesse uma resposta. Afinal o que você, um cão adestrado, obediente, dócil (fora do ambiente da casa) fez, a não ser ficar o dia todo fechado em casa, sem perturbar ou agredir ninguém? Apenas, esperando pelo carinho do seu dono!
                Babando de tanto calor o Gão, (é o seu nome), olhou-me quase que resignadamente. Baixou a cabeça, preso e inerte pelo enforcador que sempre uso (ou melhor, ele usa!), passando-me a certeza de que realmente não havia feito nada de errado, para ser denunciado. Desviou seu olhar. Percebi que fez isso por educação, vergonha e respeito. Nunca tinha feito isso. Alias, se fosse um ser humano, não olhar nos olhos me causaria desconfiança, principalmente se denunciante anônimo. Dele não! Ele sempre foi fiel, leal, e me olha de frente! Com muito carinho!
                Muito gentis e falando ao mesmo tempo, os três policiais tentavam orientar pelo crime cometido pelo meu cão. Relataram que uma nova lei estadual proíbe que os cães com mais de 25 quilos passeiem com os seus donos, principalmente em ruas em que exista fluxo de pessoas???!!!! – A não ser, disseram, no período das 22 horas até as 6 horas, ou com “fucinheira” para que assim não agridam ninguém. Adiantaram que naquele momento estavam apenas orientando quem não conhecia a lei, ressaltando que na verdade, a lei mandava que o cão fosse preso. Estavam, portanto, fazendo uma concessão!
                Como bons cidadãos que respeitam as leis, mesmo que sejam para cachorros, interrompemos a caminhada e rumamos para casa. O cão me olhava, eu olhava para o cão. Nosso diálogo era sobre qual o advogado que pegaria a causa, caso ele fosse preso. Indaguei-o sobre o seu advogado, mas ele não sabia responder. Seu caso é inédito. No trajeto, encontramos no mínimo dois cães, que deveriam pesar mais de 30 quilos, circulando livremente, sem dono, sem coleira, e sem nenhuma intervenção da polícia; famintos, em volta de um carrinho de lanche, cheio de pessoas. Deve ser porque não haviam sido e denunciados!
                ---Esperto você, hem , Gão!
                Quando parecia que ambos estávamos satisfeitos e subjugados aos fatos, percebo pelo seu olhar uma certa indignação, voltando-se para a rua que deixávamos para trás, com tantos irmãos passeando livremente, famintos, sem cuidados, sem dono, sem coleira. Mas, um bom cidadão e um bom cão, também se preocupam com as leis. Prometi e resolvi: iria ler e interpretar a “bendita” lei. 
                Não sei como vou explicar o resultado para o meu fiel amigo. Com certeza não conseguirei, assim como, não consegui explicar a mim mesmo. Tentei...Primeiramente lhe falei que infelizmente, deverá usar uma “fucinheira”, se quisermos passear juntos. Expliquei-lhe que a lei não considera a raça, índole, formação, nem a sua capacitação, e; que não resguarda a minha responsabilidade por ele não fazer nada, fazendo-me responsável, somente se ele agredir alguém. Daí vem o meu embaraço. Tentamos estender o raciocínio.
___ Quer dizer que todas aquelas horas de sacrifício, educação, treinamento, testes que você fazia comigo, não fazem diferenças perante esta lei? ___E o meu certificado de treinamento?
___!!!??? - Respondi com um triste olhar. Ele insistia.
___ O que será então dos meus irmãos, soltos na rua?
                Tentei ponderar:
----para tais casos, a lei manda que uma viatura os leve e em algum lugar, aplique uma injeçãozinha e os fazem dormir para sempre! Ele não se conformou.
___ E a sociedade protetora dos animais?!!
                Responder o que? Mas, eu precisava convencê-lo de alguma forma.
___Todos são iguais, perante a lei!!! ___ Afinal, elas derivam dos usos e costumes e pelo que parece, os legisladores conhecem a fundo o comportamento dos cães e de seus donos, e deduziram que todos os donos e todos os cães, são iguais. Todos os donos são irresponsáveis e todos os cães são violentos e agressivos! Aliás, desde que pesem mais de 25 quilos. Ele continuou inconformado.
___Todo pitbull pesa mais de 25 quilos???
___Não...Bem...Tento, engasgado.
___Acho que essa história está mal contada. Estou sentido que estou virando pitbull!. Nossa raça está “frita” !
___??? Não tive mais argumentos. Mas, ele insistiu.
___ Se, nossos legisladores não entendem nada de cão, vão entender de que?
___ Acho melhor procurarmos uma academia, para cães!  Tento contemporizar.
___ De novo?!!  Não!!!! – Retruca, impaciente. 
                Não vou dizer o que pensei. Isso me pertence. Mas se disserem que falei alguma coisa, direi que é mentira!

WILTER FURTADO - ALAMI

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