quarta-feira, 4 de maio de 2016

Crônicas do Saavedra

        

OS FLINTSTONES


Saavedra Fontes



O norte americano tem o dom de criar fantasias incríveis no cinema e o desenho animado de Willian Hanna e Joseph Barbera é uma delas. Há mais de cinquenta anos o casal Fred e Wilma e seus amigos Barney e Beth vêm divertindo o público de todas as idades, com suas aventuras em Bedrock na era da pedra. Dino, o dinossauro de estimação dá o tom cômico e doméstico na vida do casal. Tivéssemos aqui no Brasil gênios iguais a esses para criar personagens semelhantes já os teríamos em profusão, porque modelos é que não faltam.
Fico imaginando Brasília nesse clima de “impeachment” nas mãos de Hanna e Barbera e de um estúdio cinematográfico competente. Ingredientes não faltam. Brasília seria a cidade de Bedrock. Políticos estariam correndo por entre os corredores de pedra maciça empunhando clavas e gritando impropérios, na luta pelo seu voto ou na defesa de sua inocência. Esse recebeu de propina milhões de lascas em negociatas fraudulentas, porque o mundo é o mesmo, só a era é que da pedra. Um baixinho barbudo e empinado com cara de cachaceiro, passa gritando entre os seus correligionários: -“habba-dabba-doo!”
Do lado de fora dos prédios onde rolam soltas as discussões, dois enormes bispotes, um de boca pra baixo e outro virado para cima. Grandes dinossauros esticam uma faixa de incitamento, sob as ordens Stealthy (*), rodeado de comparsas armados e ameaçadores. No momento a insatisfação com o governo de Bedrock era muito grande e facções se digladiavam para substituir o governo. Havia os que gritavam e os fala-macio, os fala-besteiras e exibicionistas de todos os tipos. Difícil é encontrar bom senso entre homens pré-históricos.
No palácio um casal discutia planos políticos para salvar o governo de derrota iminente. Arrogante, ele dava as ordens que ela, arrogante e meio, não cumpria. Acusavam-se mutuamente. Ela, afirmava haver descoberto a fórmula ideal para recuperar a economia de Bedrock, com a estocagem de vento, energia de baixo custo que poderia ser vendida para outras regiões. Ele a chamava de burra e fazia gestos ameaçadores à sua integridade física. – Onde fui amarrar minha égua? Ele se queixava”. Por fim, não conseguindo se entenderem, ela empina o queixo, levanta as narinas e o abandona falando sozinho. Ele ainda corre atrás gritando:
– DILMA!
E sua voz rouca e histérica percorreu todos os monumentos do planalto central, naturais e artificiais, despertando o tamanduá no cerrado e o veado campineiro, que alheios às ambições dos homens preferiam a proximidade dos cupinzeiros e da grama verde e fresca. De passagem, quatro turistas norte-americanos, Fred e Wilma, Barney e Beth, chegaram a comentar o atraso intelectual da dupla de baderneiros.




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