sexta-feira, 4 de abril de 2014

Crônicas de Neusa Marques Palis

17 de setembro de 2012 |
 
Bem nesses tempos de campanha, ao comentar sobre o assunto, não raro, ouço essa frase.
Até entendo, pois estamos acostumados a pensar em política como sistema de governo, poder, e acá, no nosso país, como uma sucessão infindável de maracutaias, roubalheiras e a praga da corrupção.
Que cidadão de bem se anima com  isso?
Quem está feliz em saber que o ex- presidente, em dois mandatos, angariou com seus rendimentos no cargo, a modesta fortuna de dois bilhões de dólares?
E infelicidade é só um detalhe, o que preocupa mesmo é o exemplo aos jovens,  que assim, aprendem que passar a perna, enriquecer de maneira ilícita e rápida é o caminho a seguir. Será que algum professor brasileiro, um médico, um dentista, um engenheiro, já ganhou dois bilhões de dólares em apenas oito anos?
E é bom lembrar que segundo as estatísticas, e a realidade, trabalhamos cinco dos doze meses do ano só por conta dos impostos.
É dinheirama demais.
Não fosse a roubalheira descarada, os hospitais teriam leito para todos; as escolas públicas estariam equipadas com computadores, a questão da merenda escolar já seria coisa do passado, o tal índice de educação, há muito já estaria resolvido.
Gostando ou não gostando, é preciso saber que, desde que nos organizamos em sociedade, desde os tempos mais remotos, a política está presente;  até nos namoros, na economia doméstica, nos habitantes do quarteirão e seus arranjos da boa ou má vizinhança, na administração da empresa, na cortesia do restaurante, na prestação dos serviços… enfim, é impossível viver em comunidade sem ser politizado.
O século passado, com o advento do individualismo e seus preceitos, até nos deu a ilusão de que pudéssemos se ater ao Eu, ao egocentrismo, mas não deu certo, e ser político é preciso.
E político não é só o vereador, o presidente, o prefeito, o senador. Políticos somos todos nós que escolhemos os que irão nos representar,  e sendo minimamente politizados, termos capacidade de organização e exigir que deixem o cargo quando o mesmos demonstram que estão lá apenas para benefício próprio.
Os apolíticos não exercem cidadania; e se reclamam, não passam de resmungos tolos, pois que, pelo comodismo, pela ignorância, já atestam que preferem a subserviência, o porão social, e todas as suas mazelas.
 
 * Neusa Marques Palis
nmpalis@yahoo.com.br

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