terça-feira, 6 de novembro de 2012

Uma boa notícia: A "zona" vai acabar



Uma boa noticia: A "zona" vai fechar
 Wilter Furtado
wilter@com4.com.br

            Ultimamente, tem sido difícil selecionar boas noticias nos noticiários do Brasil e do mundo, principalmente quando se fala de cultura e educação. Os espaços sociais que serviam ao desenvolvimento da cultura e da formação do indivíduo estão cada vez menores, pelo fechamento de salas de cinema e teatros; pelo desleixo político com as bibliotecas e museus; pelos pífios investimentos em educação e em incentivos à cultura, às artes e à literatura, e; pela mercantilização e politização do ensino. Ocupando aqueles espaços aparecem outras formas de manifestações sem nenhum compromisso com a formação do indivíduo, com a cultura e com o desenvolvimento social. Ao contrário, são espaços ocupados pela mídia dominante para massificar o que chamam de entretenimento, extremamente nefasto à sociedade.
            Na última semana permeando o cenário consegui pinçar uma boa noticia que se for verdadeira, trará um grande ganho para nossa cultura e para o resgate do respeito às nossas famílias. Pelo o que li, em breve, será fechada uma das mais perigosas zonas anti-culturais e de alienação do nosso País, representada por alguns programas de televisão. Segundo a noticia, o reality show Big Brother acabará. Alias é brincadeira chamar aquilo de realidade, e como diria o gaúcho, chamar aquele bando de insanos de irmandade é escrachetar com a nossa inteligência. Só se for para encenar relações incestuosas como parte de nossa cultura. Denominada pelo programa de "a casa mais desejada e vigiada do Brasil" fico a imaginar o que aconteceria no seu interior se não possuísse tantas câmeras, estrategicamente colocadas para angariar audiência e faturar alto, e; sem nenhuma preocupação com o estrago que tudo que lá acontece, provoca nos lares brasileiros.
            Oxalá possamos assistir a ruína das paredes de uma casa cujo interior não retrata nada ou quase nada de nossa realidade a não ser, a inconsequência de um bando de desocupados, desestruturados e "filhinhos do sistema", buscando espaços nos camarins "globais" ou nas páginas da playboy; além dos carros e presentes que levam, pela "coragem" que demonstram para disputar um prêmio de R$ 1,5 milhão. Para acumular esse valor um trabalhador braçal que ganha um salário, gastaria um pouco mais de 200 anos trabalhando ininterruptamente. Logo, aquilo não representa realidade nenhuma.
            É de indignar. Enquanto os "heróis", "anjos" e "lideres" - personagens criadas pelo programa - vivem nababescamente, milhões de brasileiros vivem em barracos construídos nas favelas empinadas nas escoras dos morros; víveres agonizantes por falta de infra-estrutura, de saúde, de escolas; sem dignidade, à margem do emprego, da cultura e subjugados ao comando de marginais. Enquanto os "ídolos" criados pelas imbecilidades discursadas no programa, enroscam-se debaixo de edredons e de mantas riquíssimas e sobre lençóis de cetins, para a prática de bacanais e promiscuidades, milhões de brasileiros não tem sequer uma cama para dormir. Dá para imaginar o que R$ 1,5 milhão pode fazer para uma dessas comunidades?
            Faltam adjetivos para qualificar corretamente as (ir) realidades do programa e de seus participantes. Participando de festas lindas pelo luxo e dantescas pela essência, comendo caviar e bebendo champanhe francesa e whisk escocês, nus ou seminus à beira de piscinas ou nos incontáveis aposentos da casa, colocam diante dos olhos dos incautos, intermináveis seções de luxúria e pornografia, sempre regadas por um linguajar chulo e aviltante. Paradoxalmente não faltam ainda no dia a dia daqueles "herois" manifestações de intrigas, violência e de outros delitos sociais. 
            Pode ser que os adeptos de tudo aquilo digam que é falso moralismo criticar aquele programa, e que tudo se resolve com o controle remoto da televisão. Realmente, é óbvio que o programa se torna uma opção, para quem possuiu mesmo que o mínimo de formação cultural. O que se questiona é exatamente a pressão que ele exerce sobre os desaculturados, pela força substitutiva que a grande mídia exerce na socialização de tanta coisa imprestável, criando zonas perigosas de anti-cultura e deseducação.       

wilter@com4.com.br
                            

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