quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Sem exagero

*Enio Ferreira


"Não ver, não ouvir, não falar" – seis importantes palavras que constituem o antigo e sábio provérbio que nos leva à reflexão.

Rosa Maria, minha conselheira-mor, interfere: o provérbio em questão não sugere que eu preciso ser cego, surdo e mudo. Apenas para tomar tento com o que vejo, ouço e falo, em outras palavras – “tome conta da sua vida”.

O mundo será sempre o mesmo mundo sem o Raimundo, sem o Edmundo, mas sem o trelelê, sem o buraco da fechadura não sei não... Dizem que a Maledicência ocupa perto de 80% dos assuntos, fora isso, que utilidade teria o padre no confessionário; o advogado sem as trapaças. Psicanalista sem as culpas. Os escritores, os poetas, têm nas intrigas e nas maquinações, preciosos recheios para suas obras literárias... A fofoca é sempre um sucesso no rádio e na televisão. Seria interessante um mundo sem essa ardida pimenta, sem esse sal grosso? O politicamente correto levado ao exagero pode levantar bandeira para um mundo sem graça?

Ocasiões de futilidade, fofoca, compartilhamento de fatos de pouca relevância, podem ter alguma importância. Afinal, não sejamos perfeitos até as últimas conseqüências porque aí, já é não viver. Aos humanos é fundamental a sociabilidade e, o que não é fundamental, entende a reflectiva Rosa Maria, é o exagero. 


*Enio Ferreira
cronicatijucana@gmail.com 

Um comentário:

 
;