terça-feira, 21 de agosto de 2012

Onde estão nossos jovens?


*Prof. Msc Wilter Furtado

Procuro sempre, às vésperas de qualquer eleição, fazer uma análise pessoal e silenciosa sobre o futuro do nosso povo, a partir do perfil e dos discursos dos candidatos aos cargos disputados. Confesso que a cada eleição que passa essa minha preocupação aumenta, diante da degradação total e crescente que vem tomando conta do cenário sociopolítico do Brasil. Nossa sociedade chegou a níveis intoleráveis de corrupção, de falta de ética, de corporativismo, desumanização, irresponsabilidade, imoralidade, peleguismo, paternalismo, descaramento e de afronta à nossa inteligência.
            Minhas análises estão sempre frustrando as minhas esperanças. A cada dia me convenço mais que a culpa de tudo o que vem acontecendo conosco, e que em contraponto, a solução para tudo isso, está na educação. Tive o privilégio de fazer parte de uma geração de jovens, iluminados. De jovens que participavam ativamente dos movimentos sociais e políticos; que se inspiravam em ídolos e líderes - que aliás existiam - verdadeiramente engajados com as causas sociais e políticas, e; cuja educação, antes de pensar na formação profissional ancorava-se e respeitava os valores, crenças e princípios de formação do homem, enquanto indivíduo social. Uma educação em que a cultura e o conhecimento andavam juntos. Uma educação em que os jovens e as instituições, não negavam suas participações e responsabilidade em tudo e por todos.
            Infelizmente, hoje os discursos de toda sociedade são populistas, vazios, castradores, inconsistentes, aéticos, para não dizer horripilantes. Sem nenhuma inspiração filosófica, são apenas  manifestações de incompetência, acordos, conchavos e de jogos de interesses. As inspirações e aspirações partidárias não saem do seio das laudas dos Estatutos dos partidos, totalmente desfigurados pelo sistema político que por sinal, é construído pelo sistema educacional.
            Procuro suporte e esperança, nos jovens. Busco sinais, líderes e ídolos para o jovem, analisando o cenário educacional e sócio-profissional. Procuro vê-lo através de suas participações nas salas de aula e no trabalho e a ingerência que poderia exercer nos Grêmios das Escolas, nos Diretórios Acadêmicos e Empresas Júnior. Olhando mais para fora busco o jovem também nas Associações Comunitárias, Profissionais, Religiosas, na Mídia, nas Associações Culturais, no Teatro, na Música, nas Empresas, e também não o encontro, na forma esperada. Não o encontro porque estou buscando-o onde ele não está... Porque em todas as manifestações socioeconômicas e culturais, como berço, fonte e meios de sua formação política, profissional e cultural, faltam a educação e os exemplos. Afinal, onde estão nossos jovens aos quais, atribuo a responsabilidade por resgatar nossa educação política e cultura?
            Sem dúvida estão escondidos atrás da nuvem negra do nosso sistema educacional caótico. Estão a ouvir e aceitar os "filósofos modernos" de que nossa educação é excelente e que aumentamos o número de universidades - de qualidade desejável -; que temos milhões de alfabetizados, sem se preocupar que sejam alfabetizados funcionais - aqueles mal conseguem ler e escrever coisas do gênero "o boi baba", "a menina é bonita"; que não sabem voltar um troco a quem dá cinquenta reais para cobrar dezoito reais; não conseguem pensar, nem ressignificar nada. Mesmo assim, estão aprovados! São jovens felizes porque o discurso coaduna com a esdrúxula cultura que o ensino no Brasil tem que ser assim mesmo, sem qualidade, rápido e superficial, porque precisamos formar para o mercado de trabalho. Que mercado é esse que eu não consigo vê-lo fixo e concreto, se a dinâmica socioeconômica está a todo minuto mudando os serviços, os produtos, a mão-de-obra, os desejos e necessidades sociais? - São jovens condicionados a aceitar e não discutir por exemplo, o discurso de que surgiu no País uma nova classe média (40 milhões) que é a salvação do nosso povo e capitalismo, atribuindo o fato, às migalhas distribuídas pelos programas sociais; esquecendo-se de todos os fundamentos socioeconômicos que movimentam o mundo a cada instante. Ao contrário, o discurso ousa e abusa dos coitados desaculturados, e incautos, afirmando que as coisas não estão melhores ainda, por conta de um tal neo-liberalismo e de uma tal globalização.
            Estou certo que outro modelo de educação possa mostrar a nossos jovens que fazer política não é apenas participar da política partidária, e conduzi-los a uma participação mais efetiva e direta em todos os movimentos sociais. Mas precisam saber que são eles que poderão mudar tudo, inclusive a política partidária. Por isso, precisamos pensar e discutir mais, a educação nosso jovem. Precisamos conscientizar que infelizmente nossos jovens estão inseridos num meio sociocultural massificado e alienante, carente de ídolos e de líderes; um meio no qual não conseguimos localizar muitos indivíduos cujos discursos e ações, se aproximem dos fundamentos e das filosofias pregados por um Nelson Mandela, Mahatma Ghandi, John Kenedy, Juscelino Kubitschek, Madre Tereza, Che Guevara etc (poderia encher laudas). Sei que muitos não saberão do que e de quem estou falando. É porque na nossa educação e cultura estamos acostumados a perder muito tempo em discussões para explicar que o paternalismo, ainda justifica a esmagadora popularidade de uma "presidenta" que está "contenta" com tudo, desde que a educação oriente o povo para o consumo. Quero ver até quando essas situações se sustentarão!


*Wilter Furtado
wilter@com4.com.br

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